Praguejar maldito. com F.

Há por aí muita gente que repete asneiras a toda a hora, até a dizer olá aos amigos. Eu não me considero asneirenta! Quer dizer, praguejo muito quando algo não me corre de feição, ou escapa-se-me ocasionalmente uma asneirita quando me entusiasmo, mas suponho que isso é universal (quase, vá). Regra geral, não disparo nove asneiras numa frase com dez palavras nem deixo a minha língua visitar, cada vez que falo, todos os cantinhos do vasto império do calão. Ou seja, sou relativamente bem comportada; isto, porque não considero “porra” e “merda” asneiras a sério, porque se forem, sou uma grandessíssima ordinária. Vou continuar, então, assumindo que tais expressões não constituem palavrões de grande calibre, sim?

Eu sou grande defensora da ciência do praguejar. Sabe-me bem, que querem que vos faça? É a catarse perfeita! Quando estou muito arreliada e tenho vontade de mandar tudo às urtigas ou de dar pontapés em tudo o que estiver no meu caminho (se não estiver nada no meu caminho eu desvio-me um bocadinho e passa a estar), praguejar exerce em mim um efeito deliciosamente calmante. É apenas em caso de extrema necessidade, entendem? É aqui que entra a asneira do “F”, esse vocábulo porco e ordinário que tantas dores me alivia, que tantos nervos me tira. E é tão versátil, dá para tudo! É “f***-se”, é “f**eu”, é “que se f***”, é “estou f***** com não-sei-o-quê”, por aí fora; quando dá ênfase a qualquer coisa, quando nos magoamos, quando o espanto é muito grande e mais rápido que a educação, quando acordamos com o rabo virado para a lua e tudo corre mal, quando o árbitro é um estupor, quando vemos o extracto bancário na terceira semana do mês (a maltinha que recebe dia 21 recua aí uma semaninha, está bem?), etc, etc, etc. A asneira do “C”, por exemplo, não tem o mesmo dom. Essa é mesmo feia e não tira dores a ninguém. Pelo contrário, aquele “alho” no fim ainda dói mais, é muita tensão para uma pessoa só.

Praguejar é com “F”, não há cá meninos! É por isso que detesto enervar-me ou aleijar-me à frente do meu pai; sai-me um “F” e ele grita-me um “então, pá?!” tão grave, que só me reprime, tira à asneira do “F” todo o seu potencial curativo e fico ainda mais tensa, quando era suposto o vernáculo ser altamente terapêutico naquela ocasião.

Devia ser proibido sabotar um momento “F” numa situação de emergência, para o bem do coração e da estabilidade emocional. Está provado que a asneira do “F”, quando utilizada em casos de tensão, para proveito próprio e sem o intuito de ofender, faz bem à saúde e promove o bem-estar geral.

Libertem-se do que vos apoquenta e sejam felizes, mesmo que isso passe por um “F” bem mandado. Relaxem e não repreendam alguém transtornado, foda-se!

Pequena Grande Maldita F

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