Hoje não quero saber. Só por hoje como os alcoólicos. Mais um copo de vida, não quero saber. E sai um shot de “I don’t give a shit” para a mesa número 2.
“Ao que estamos a festejar”, perguntam-me. “Ao não ter nada a perder” respondo antes de engolir de um trago um shot de “fuck off”.
Não há liberdade como a de não ter nada a perder. Se tudo corre mal, muito pior não fica. Vamos festejar às tristezas, às desilusões, às injustiças, à má comunicação e à morte das pessoas chatas. Azar mais azar dá sorte, não há o que enganar. E por falar em azar, bora brindar a isso com uma margarita de ilusões calientes.
Chateiam-me as pessoas injustas, não me sai da cabeça que existe certa burrice na injustiça, por muito que se achem espertos. Chateiam-me como o calor à noite, é enfadonho, arreliante e lembram-me bandos de galinhas histéricas. Deve ser o álcool a fazer efeito.
Irrita-me a arrogância, o orgulho, a superioridade… e ter o copo vazio. É uma irritação e indignação megalómana e há que resolver isso através de uma boa comunicação, diria qualquer psicólogo. Pois bem, é o que farei, vou ao bar e peço educadamente um copo de “filhos-de-30-mulheres-da-vida-vão-se-penetrar-a-vocês-próprios”, que a educação é muito importante e a minha mãezinha não me criou para ser rude com as pessoas.
Sou amável para toda a gente, mas tenho a grande infelicidade de não ser compreendida na minha amável espontaneidade. Não tenho culpa que as pessoas sejam intoleráveis como um rabanete crú no nosso prato favorito. E mesmo que seja cozido, rabanete é mau e pronto, não me questionem.
E tudo porque quero um mundo melhor, sem pessoas e com muito álcool. Será pedir muito?
E sai mais um shot, que a noite ainda agora começou.
Pequena Grande Maldita C