O céu trocou o azul pelo branco
As coisas perderam o encanto
Dos vidros restaram os cacos
Naquele silêncio de fracos
ℑ
Passaram horas naquela escada
Com a noite veio a geada
E eu de mãos vazias esperava
Por uma sombra que nunca chegava
ℑ
Cansei-me e levantei o corpo
Que só o corpo restava
O espírito jazia morto
Na dor que o amor agrava
ℑ
Mas num dia de Inverno
Em que o sol fulminante se rendeu
Bebi as gordas gotas de Inferno
Como um orgulhoso ateu
ℑ
E a minha alma ardeu de repente
Na paixão que novamente
Me invadia sem pudor
Naquele diurno ardor
ℑ
Quis ser tudo o que era meu
Que eu merecia o céu
E no paraíso que fechava na mão
Já não temia dor ou solidão
ℑ
E renasci naquele romance solitário
Naquele canto de café ordinário.
PGM C