Ai ai! Minhas caras vírgulas, deixem de ter tanto a mania. Deixem de causar-me tantas dores de cabeça, dúvidas e dilemas existenciais, cada vez que procuro ter belos momentos a sós com as palavras. Aliás, a sós é a minha fantasia! Porque, na realidade, vocês nunca deixam, estão sempre a meter-se entre as palavras (literalmente).
Acham sempre que merecem mais atenção que as palavras e que são vocês quem lhes dá sentido. Quanta petulância! Quanta arrogância! Acham que uma pessoa não tem mais nada que fazer do que perder uns 10 minutos só a tentar descobrir onde vos colocar? Que mimadas! Parem de se achar o centro da folha, uma folha é mais do que a vossa presença. Uma folha é também as ideias que contém, bem como as brincadeiras que as palavras fazem umas com as outras, com ou sem vírgulas!
Para acabar, não pensem que o facto de eu estar a escrever isto com a vossa presença significa que estou a dar-vos razão e maior importância do que aquela que merecem. Não, escrevo convosco por mera piedade, não perdendo, no entanto, nenhum tempo a pensar se estão bem colocadas ou não. É esta hoje a minha forma de vos castigar. Mas continuem a ser assim tão mimadas que eu conto-vos uma história. Hão-de ver, se continuam assim, com esse comportamento de típicas vírgulas, sempre a prolongar e a continuar algo, que neste caso irrita, coloco um ponto final no assunto!
Carlos Walgood Santos (Participação especial)